Funcionários da SAP estão desconfiados
Publicado em 23/08/2023
Na sede da multinacional, só 47% dizem ter confiança na liderança da SAP.
Menos da metade (47%) dos funcionários da SAP na matriz da empresa na Alemanha afirmam ter confiança na liderança da empresa.
Em nível mundial, a cifra é 65%, uma porcentagem maior, mas ainda longe de uma maioria absoluta, e nove pontos percentuais abaixo do registrado no ano passado.
Os dados são oriundos de um levantamento interno da SAP e foram divulgados com destaque pelo Handelsblatt, o maior jornal de economia da Alemanha.
Os funcionários da Alemanha também estão menos confiantes do que os de outros países: segundo o estudo, 58% deles dizem estar entusiasmados com o futuro da SAP, contra uma média mundial de 75%.
Outros indicadores da pesquisa são melhores: 90% dos funcionários no mundo (e 84% na Alemanha, se dizem orgulhosos de trabalhar na SAP).
Apesar do posicionamento mais crítico, 84% dos funcionários na Alemanha recomendariam a SAP como um lugar para trabalhar, bem próximo dos 89% da média dos demais países.
Na avaliação do Handelsblatt, a desconfiança vem das reestruturações recentes no comando da empresa.
Recapitulando, Bill McDermott, CEO de longa data da SAP, deixou a empresa em 2019, sendo substituído por dois co-CEOs. Pouco mais de seis meses depois, um dos co-CEOS (uma, no caso: a americana Jennifer Morgan), foi demitida, deixando no comando o alemão Christian Klein.
Apesar da nomeação de Klein ter sido interpretada como uma recuperação de poder da sede alemã frente à poderosa operação nos Estados Unidos (McDermott é americano), isso parece não ter impressionado muito os funcionários na Alemanha.
Talvez porque o funcionário alemão médio esteja mais preocupado com outras coisas. A taxa de inflação do país foi de 7,9% em 2022, um valor fora do normal para Alemanha que ainda não foi reequilibrado com reajustes salariais.
Por outro lado, a SAP fez um corte de equipe pequeno em comparação com outras grandes empresas de tecnologia. O número total de funcionários caiu de 111 mil em 2022 para 105 mil no primeiro semestre de 2023, ao redor de 5%.
A SAP também fez alguns cortes em mordomias na sede. Segundo revela o Handelsblatt, a sauna na área de fitness em Walldorf agora só fica aberta em horário comercial, e não mais em tempo integral (fazer sauna é um hábito comum na Alemanha).
É importante frisar que os índices de satisfação dos funcionários têm um peso especial na SAP, ou pelo menos na operação alemã da SAP.
Mais além da problemática de ter colaboradores satisfeitos em um ramo com mão de obra, o que é comum a todas grandes empresas de tecnologia, a SAP tem o contexto diferenciado do capitalismo alemão.
Grandes empresas como a SAP tem obrigatoriamente um conselho, o chamado Betriebsrat, no qual os funcionários têm um representante eleito que pode exercer influência nos rumos do negócio.
Em 2010, uma das razões da saída do então CEO da SAP, Léo Apotheker, foi justamente a insatisfação dos funcionários da multinacional.
Fonte: https://www.baguete.com.br/noticias/23/08/2023/funcionarios-da-sap-estao-desconfiados
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